É a MobileOCT— uma startup social que está usando telefones celulares para detectar com precisão o câncer em pessoas de países em desenvolvimento.
Em 95% dos casos, o câncer do colo do útero é uma doença totalmente tratável e pode ser tratada por US$ 28 em menos de 40 minutos. No entanto, devido à falta de acesso a médicos e equipamentos médicos de confiança, centenas de milhares de mulheres em ambientes de baixa renda estão morrendo desnecessariamente a cada ano, simplesmente porque não são diagnosticadas a tempo. No entanto, uma startup israelense parece estar prestes a mudar esse cenário.
Cinco bilhões de pessoas possuem telefone, mas não tem acesso a atendimento médico
Recentemente incluída na lista das 25 Startups Israelenses de Tecnologia Mais Promissoras da revista
Forbes, a MobileOCT tenta encontrar alguma vantagem no fato de que, enquanto cinco bilhões de pessoas em todo o mundo possuem telefones celulares, muitas delas não têm acesso a um médico. O primeiro projeto da empresa é dedicar-se ao câncer de colo do útero, a causa número um de mortes por câncer em mulheres de países com poucos recursos. Para isso, a companhia desenvolveu um colposcópio móvel, que pode ser usado com qualquer telefone celular, em qualquer parte do mundo. “Tecnologicamente, chegamos a um lugar onde temos sensores muito avançados em objetos do cotidiano. E o que a MobileOCT busca fazer é ajudar a salvar vidas com esses sensores”, explica Ariel Beery, CEO e cofundador da MobileOCT, em uma entrevista.
Os colposcópios convencionais usados pelos médicos ocidentais custam entre 5 e 14 mil dólares, uma faixa de preço que é, sem dúvida, fora do orçamento de 3,2 bilhões de pessoas cuja renda não passa de 3 dólares por dia. Os colposcópios móveis produzidos pela MobileOCT, clinicamente testados e com qualidade de imagem comparável aos convencionais, por outro lado, devem ser vendidos a aproximadamente 400 dólares, segundo Beery. Mas diminuir o custo é apenas uma das maneiras que a MobileOCT está impactando o futuro do diagnóstico do câncer.
Um estudo de caso perfeito da desigualdade mundial
No mundo desenvolvido, as mulheres entre as idades de 21 e 65 anos são normalmente examinadas em busca do câncer de colo do útero, através do Papanicolau, e se qualquer tipo de anormalidade é
encontrada, pode ser feita uma colposcopia (um procedimento médico de diagnóstico que permite uma visão ampliada e iluminada colo do útero) bem como uma biópsia para determinar se a paciente tem ou não câncer do colo do útero. No entanto, em ambientes de baixa renda, esses diagnósticos caros são bem mais raros.
“O problema é que, para mais de dois bilhões de mulheres ao redor do mundo, a única maneira de diagnosticar o câncer de colo do útero é a olho nu”, explicou Beery. O procedimento de baixo custo mencionado por Beery é conhecido como inspeção visual com ácido acético (IVA) ou análise a olho nu, que tem pouca precisão – apenas 17%, de acordo com Beery. Apesar desta taxa de sucesso pífia, a inspeção a olho nu continua a ser amplamente utilizada em países em desenvolvimento porque é a única opção acessível.
Isso além do fato de que, muitas vezes, o método pode gerar muita dor para as mulheres em ambientes de baixa renda. “Cinco entre seis mulheres que recebem um resultado positivo são vítimas de diagnóstico errôneo”, observou Stephanie Brill, estudante de engenharia na Universidade do Sul da Califórnia e uma dos nove estagiários dedicados da MobileOCT. Brill e o resto do pessoal da MobileOCT esperam que a colposcopia móvel que eles estão ajudando a desenvolver comece a mudar radicalmente essa estatística.
Quando totalmente desenvolvidos, os dispositivos serão vendidos para agentes comunitários de saúde em países em desenvolvimento, que atualmente realizam exames contra o câncer do colo do útero usando o IVA. Tudo o que eles precisam fazer é conectar o dispositivo ao telefone celular, seguir as instruções dadas no app MobileOCT e enviar os dados e as imagens capturadas para um servidor seguro. Essa informação é então disponibilizada para um médico, que pode instruir de forma mais completa e contínua o clínico, bem como criar um cadastro para a paciente para acompanhar o seu progresso.
No mundo desenvolvido, as mulheres entre as idades de 21 e 65 anos são normalmente examinadas em busca do câncer de colo do útero, através do Papanicolau, e se qualquer tipo de anormalidade é
encontrada, pode ser feita uma colposcopia (um procedimento médico de diagnóstico que permite uma visão ampliada e iluminada colo do útero) bem como uma biópsia para determinar se a paciente tem ou não câncer do colo do útero. No entanto, em ambientes de baixa renda, esses diagnósticos caros são bem mais raros.
“O problema é que, para mais de dois bilhões de mulheres ao redor do mundo, a única maneira de diagnosticar o câncer de colo do útero é a olho nu”, explicou Beery. O procedimento de baixo custo mencionado por Beery é conhecido como inspeção visual com ácido acético (IVA) ou análise a olho nu, que tem pouca precisão – apenas 17%, de acordo com Beery. Apesar desta taxa de sucesso pífia, a inspeção a olho nu continua a ser amplamente utilizada em países em desenvolvimento porque é a única opção acessível.
Isso além do fato de que, muitas vezes, o método pode gerar muita dor para as mulheres em ambientes de baixa renda. “Cinco entre seis mulheres que recebem um resultado positivo são vítimas de diagnóstico errôneo”, observou Stephanie Brill, estudante de engenharia na Universidade do Sul da Califórnia e uma dos nove estagiários dedicados da MobileOCT. Brill e o resto do pessoal da MobileOCT esperam que a colposcopia móvel que eles estão ajudando a desenvolver comece a mudar radicalmente essa estatística.
Quando totalmente desenvolvidos, os dispositivos serão vendidos para agentes comunitários de saúde em países em desenvolvimento, que atualmente realizam exames contra o câncer do colo do útero usando o IVA. Tudo o que eles precisam fazer é conectar o dispositivo ao telefone celular, seguir as instruções dadas no app MobileOCT e enviar os dados e as imagens capturadas para um servidor seguro. Essa informação é então disponibilizada para um médico, que pode instruir de forma mais completa e contínua o clínico, bem como criar um cadastro para a paciente para acompanhar o seu progresso.
Desenvolvendo uma colposcopia de alta qualidade a preços acessíveis para celulares
O “cérebro” por trás da operação, o cofundador Dr. David Levitz, PhD, é o CTO da MobileOCT e merece muito do crédito pela pesquisa e desenvolvimento inicial do dispositivo. Enquanto estava na Universidade de Tel Aviv fazendo o pós-doutorado, Levitz desenvolveu uma sonda de imagem multimodal que combina termografia infravermelha e tomografia de coerência ótica (TCO – OCT, em inglês), daí a origem do nome MobileOCT.
A primeira versão da colposcopia móvel, que a MobileOCT indica estar pronta para venda nos próximos meses, deve praticamente triplicar a precisão de detecção do câncer do colo do útero de 17% (com IVA) para 45%. No entanto, como Beery salienta, “uma mulher no mundo desenvolvido pode voltar para uma biópsia (remoçãode tecido para determinar a presença ou a extensão do câncer)e que permite a um ginecologista saber se deve ou não operar, mas uma mulher de países em desenvolvimento não tem essa oportunidade”.
Como biópsias são muito caras para a maioria das mulheres em ambientes de baixa renda, a
MobileOCT tem planos de oferecer outro colposcópio móvel mais sofisticado no futuro que seja multimodal, o que significa que o dispositivo teria várias modalidades de imagem para examinar o tecido. Assim, além da imagem de campo claro usada em todos os colposcópios, a MobileOCT pretende adicionar duas camadas adicionais de modalidades de imagens: Imagem de Diferença de Potencial e Imagem Espectral. Esta versão mais avançada do dispositivo iria aumentar ainda mais a precisão de diagnóstico para 70% e estará disponível nos próximos anos, enquanto se aguarda a conclusão bem sucedida de vários ensaios clínicos.
O “cérebro” por trás da operação, o cofundador Dr. David Levitz, PhD, é o CTO da MobileOCT e merece muito do crédito pela pesquisa e desenvolvimento inicial do dispositivo. Enquanto estava na Universidade de Tel Aviv fazendo o pós-doutorado, Levitz desenvolveu uma sonda de imagem multimodal que combina termografia infravermelha e tomografia de coerência ótica (TCO – OCT, em inglês), daí a origem do nome MobileOCT.
A primeira versão da colposcopia móvel, que a MobileOCT indica estar pronta para venda nos próximos meses, deve praticamente triplicar a precisão de detecção do câncer do colo do útero de 17% (com IVA) para 45%. No entanto, como Beery salienta, “uma mulher no mundo desenvolvido pode voltar para uma biópsia (remoçãode tecido para determinar a presença ou a extensão do câncer)e que permite a um ginecologista saber se deve ou não operar, mas uma mulher de países em desenvolvimento não tem essa oportunidade”.
Como biópsias são muito caras para a maioria das mulheres em ambientes de baixa renda, a
MobileOCT tem planos de oferecer outro colposcópio móvel mais sofisticado no futuro que seja multimodal, o que significa que o dispositivo teria várias modalidades de imagem para examinar o tecido. Assim, além da imagem de campo claro usada em todos os colposcópios, a MobileOCT pretende adicionar duas camadas adicionais de modalidades de imagens: Imagem de Diferença de Potencial e Imagem Espectral. Esta versão mais avançada do dispositivo iria aumentar ainda mais a precisão de diagnóstico para 70% e estará disponível nos próximos anos, enquanto se aguarda a conclusão bem sucedida de vários ensaios clínicos.
A consciência social como a chave para um bom negócio
A MobileOCT tem atualmente cinco programas-piloto, em cinco países, para analisar a usabilidade do dispositivo. Até maio, eles possuíam parcerias com diversas organizações de saúde global, como a Partners in Health; o Botswana Grupo, da UPenn; o Scripps Medical Center; e o Montefiore Medical Center. Em janeiro, o dispositivo foi validado pelo Dr. Bruce Kahn, no Scripps, e comprovou permitir ampliação e resolução dos tecidos da pele comparável a colposcópios convencionais.
Desde sua fundação em 2012, a empresa conseguiu arrecadar 225 mil dólares de investidores. Eles foram notícia depois de ganhar o primeiro lugar no Festival Internacional de Startups, em Tel Aviv, em dezembro passado, onde 100 startups receberam o desafio de propor as suas ideias a investidores dentro de um elevador do Azrieli Towers. Apesar de 225 mil dólares não parecer muito dinheiro quando comparado com os milhões injetados em startups de tecnologia de alto potencial, é preciso ter em mente que a MobileOCT é um empreendimento social e seu objetivo é manter os custos o mais baixo possível. MobileOCT video clip
Para Beery, fazer bem para o mundo já é um bom negócio. “Estamos tentando fazer a coisa certa e, ao mesmo tempo, proporcionar um valor significativo para os nossos investidores e para a nossa equipe – ou seja, um negócio mais sustentável e consciente.”
A MobileOCT tem atualmente cinco programas-piloto, em cinco países, para analisar a usabilidade do dispositivo. Até maio, eles possuíam parcerias com diversas organizações de saúde global, como a Partners in Health; o Botswana Grupo, da UPenn; o Scripps Medical Center; e o Montefiore Medical Center. Em janeiro, o dispositivo foi validado pelo Dr. Bruce Kahn, no Scripps, e comprovou permitir ampliação e resolução dos tecidos da pele comparável a colposcópios convencionais.
Desde sua fundação em 2012, a empresa conseguiu arrecadar 225 mil dólares de investidores. Eles foram notícia depois de ganhar o primeiro lugar no Festival Internacional de Startups, em Tel Aviv, em dezembro passado, onde 100 startups receberam o desafio de propor as suas ideias a investidores dentro de um elevador do Azrieli Towers. Apesar de 225 mil dólares não parecer muito dinheiro quando comparado com os milhões injetados em startups de tecnologia de alto potencial, é preciso ter em mente que a MobileOCT é um empreendimento social e seu objetivo é manter os custos o mais baixo possível. MobileOCT video clip
Para Beery, fazer bem para o mundo já é um bom negócio. “Estamos tentando fazer a coisa certa e, ao mesmo tempo, proporcionar um valor significativo para os nossos investidores e para a nossa equipe – ou seja, um negócio mais sustentável e consciente.”